Ombreiras, leggings (à época chamadas de calças fuseau), acid wash, saias balonê, mullets... Esse renascimento da estética oitentista que invadiu o estilo me mata, me mata (e não no bom sentido)! Porque eu vivi os anos 80. Não só vivi como era criança, e, portanto, não sabendo nada de nada, ficava mais ou menos presa às escolhas do meu tempo. Não fui muito vítima dos eighties não – até porque era uma criança moleca e minha mãe tem senso estético sóbrio e não muito aventureiro. Mas as imagens que tenho gravadas em minhas retinas do meu aniversário de dez anos, todo ele comemorado na base do suéter colorido + fuseau, das apavorantes ombreiras da Rainha dos Baixinhos, de retratos na fazenda em que apareço com um corte de cabelo altamente suspeito, esses pequenos momentos de rendição às tendências da época junto com lembranças vívidas de crimes perpetrados contra o bom senso e beleza por outras criaturas são o suficiente para servir de aviso inapelável ao meu gosto: cuidado!
Os anos 80, meus jovens, não foram nada divertidos.
Era uma época de angústia, de coice em todos os progressos civis/sociais alcançados na década anterior, de conservadorismo, Guerra Fria, Diretas no vinagre, yuppies, AIDS, Sarney, Cubatão. Não se deixe enganar pelos clipes da Cindy Lauper. O mundo estava à beira de um suposto holocausto nuclear: o futuro era sombrio.
Mas... Nem tudo são dores e horrores. Uma das grandes tendências da década de 80 era o resgate estético da década de 50, o que me levou a ter e usar um óculos gatinho roxo (ou gatinha, como preferir) de lentes espelhadas durante a maior parte da minha infância e pré-adolescência. E agora, junto com todas as outras horrorosidades, eles voltaram! Eles são tendência! Meu modelo predileto é o que Eley Kishimoto desenhou para a marca britânica Linda Farrow Vintage e que junta mais um animal ao felino que empresta o formato dos olhos à armação - a zebra, estampada bem discretamente dentro dos braços. Estava disponível para compra na loja virtual Revolve Clothing, mas acabou.